Substituição de termelétricas de fontes não renováveis por energia renovável pode gerar 872 mil empregos no Brasil, aponta estudo

Pesquisa da FIEMG revela que mudança na matriz elétrica pode economizar R$ 30,4 bilhões por ano e aumentar o PIB em 0,95%
A pesquisa também evidencia que municípios com hidrelétricas apresentam desenvolvimento superior aos demais. Foto: Divulgação
A pesquisa também evidencia que municípios com hidrelétricas apresentam desenvolvimento superior aos demais. Foto: Divulgação

A substituição das fontes de energia elétrica não renováveis por renováveis (hidrelétricas, solar, eólica e biomassa) no Brasil poderia gerar 872.623 empregos, um número próximo ao total de postos de trabalho formal de Fortaleza, capital do Ceará. A conclusão é de um estudo inédito realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), que também aponta uma economia anual de R$ 30,4 bilhões e um crescimento de 0,95% no PIB nacional com a mudança.

O estudo, desenvolvido pelas gerências de Economia, Meio Ambiente e Energia da FIEMG, demonstra que a substituição das fontes de energia elétrica não renováveis por renováveis geraria um aumento de R$ 29,3 bilhões na massa salarial – equivalente ao pagamento anual de quatro milhões de benefícios do Bolsa Família – e de R$ 71,8 bilhões em faturamento para as empresas.

Impacto no bolso do consumidor

A pesquisa revela que o custo médio da energia fornecida por fontes renováveis (R$ 179,5/MWh) é 59,6% menor que o das não renováveis (R$ 441,8/MWh). Para o consumidor, a substituição representaria uma redução de 20,4% na conta de luz e uma diminuição nos preços de produtos básicos: 2,9% no leite, 6,4% no material escolar e 3,2% na cesta básica.

Benefícios ambientais

O documento destaca que a substituição de todas as termelétricas não renováveis por energias renováveis até 2035 contribuiria para a meta brasileira de redução de 53% das emissões de gases de efeito estufa. Segundo o estudo, apenas o ciclo de vida das emissões das termelétricas não renováveis gerou o equivalente a 42% de toda a emissão de gases de efeito estufa da indústria brasileira em 2022.

Hidrelétricas como solução

O estudo apresenta as hidrelétricas como peça fundamental para a transição energética, destacando seu papel na mitigação de desastres naturais. Um exemplo citado é a Hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais, que em janeiro de 2022 conseguiu controlar mais de 8 mil metros cúbicos de água por segundo em um único dia – volume equivalente a três piscinas olímpicas por segundo – evitando uma grande tragédia na região.

Em contraste, o documento analisa as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, onde a ausência de hidrelétricas de grande porte contribuiu para a magnitude do desastre que afetou mais de 2 milhões de pessoas.

Desenvolvimento local

A pesquisa também evidencia que municípios com hidrelétricas apresentam desenvolvimento superior aos demais. Um exemplo é a Hidrelétrica de Funil, localizada entre Lavras e Perdões (MG). Após sua instalação, ambos os municípios registraram um aumento significativo nos índices de desenvolvimento humano. De 1991 a 2010, a variação da renda em Lavras (104%) e Perdões (136%) foi superior à média dos municípios similares (100%).

“As hidrelétricas não são apenas fonte de energia limpa e renovável, mas peças-chave para impulsionar o desenvolvimento da economia, fornecendo energia essencial e uma série de benefícios econômicos e sociais”, conclui o documento.

O estudo alinha-se a três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU: fornecimento de energia limpa e acessível; trabalho decente e crescimento econômico; e ação contra a mudança global do clima.

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