O silêncio de Zema sobre a Operação Contragolpe

A simpatia do governador por Jair Bolsonaro, bem como cálculos eleitorais para 2026, não deveriam pesar mais que a realidade
O governador de Minas, Romeu Zema
Governador Romeu Zema (Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG)

É incompreensível o silêncio do governador Romeu Zema (Novo) sobre a Operação Contragolpe, que desnudou – com provas – um plano concreto (Punhal Verde Amarelo) de assassinato de autoridades federais: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e Geraldo Alckmin (PSB) e Lula da Silva (PT), respectivamente, vice e presidente eleitos.

Zema é sempre muito rápido – o que é sua característica e direito – em opinar e reverberar grande parte das causas e pautas bolsonaristas, o que, repito, é seu legítimo direito. O governador de Minas é um político de direita e faz muito bem, neste sentido, em caminhar ao lado de suas convicções e de seu eleitorado.

Porém, “Chico Bento” tem obrigações institucionais a cumprir, dentre elas, a defesa intransigente da democracia e do Estado Democrático de Direito. Ele, como outros, pode contestar os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023 e até mesmo duvidar se havia, ou não, à luz do até então revelado, alguma real intenção de golpe.

Contudo, diante da fartura de provas materiais já apresentadas pela Polícia Federal (PF), não apenas de uma ideia aloprada, mas de uma ação igualmente aloprada, com vias a assassinar autoridades e tomar à força o comando do país, seria oportuna – mesmo que tardia – uma manifestação oficial do chefe do Executivo mineiro.

A simpatia do governador pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, cada vez mais implicado, ao menos na elaboração do plano, e ciente do que estava em curso, bem como seus cálculos eleitorais para 2026 não deveriam pesar mais que sua racionalidade e, tenho certeza, pois um homem de caráter e democrata, seus sentimentos pessoais.

Como eleitor que fui (por duas vezes) e admirador que sou, e como orgulhoso mineiro que enxerga o estado como um dos principais pilares da nossa República, gostaria muito de ouvir do governador uma dura – desde que sincera, é claro – manifestação de repúdio aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado.

O silêncio de Romeu Zema poderá ser interpretado como omissão diante de um fato tão alarmante. Meu voto e minha opinião podem não significar nada para o governador, mas seu comportamento – qualquer que seja – ficará registrado e marcado na história mineira, tão rica em personagens que ou engrandeceram ou apequenaram nossa tão querida Minas Gerais.

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