O Brasil, ao que parece, não entende o limite de sua própria sorte. Enquanto o mundo aplaude empreendedores visionários que ousam ir além do óbvio, nós, por aqui, tendemos a desacreditar daqueles que se atrevem a inovar e enfrentar o status quo. Joseph Schumpeter, o economista que melhor traduziu o papel transformador do empreendedor, viu nessas figuras ousadas o verdadeiro motor do progresso. São eles que, com suas inovações, rompem barreiras e criam novos mercados, destruindo o velho para construir o novo. Mas, por aqui, a pergunta que ecoa é: qual é o limite para o empreendedor brasileiro?
Em outras partes do mundo, assistimos a iniciativas que desafiam a imaginação. Empresas lançam satélites que fornecem internet rápida e acessível globalmente, rompendo as barreiras do acesso à informação. Foguetes que conseguem pousar de volta na Terra para serem reutilizados, tornando a corrida espacial mais barata e viável. Carros elétricos que não apenas reduzem emissões, mas caminham para a autonomia, prometendo transformar a mobilidade urbana como a conhecemos. Iniciativas como essas, nascidas do inconformismo e da visão futurista, redefinem o futuro. E o que esses empreendedores fazem é muito mais do que apenas criar novos produtos: eles reescrevem as regras do jogo.
O que torna esses empreendimentos tão fascinantes é a forma como, em pouco tempo, conseguiram ganhos de eficiência e custo que, décadas atrás, pareciam inimagináveis. Antes, para fornecer internet, precisávamos de uma infraestrutura física complexa e cara. Hoje, satélites de baixa órbita resolvem o problema. Foguetes que eram desperdiçados em missões espaciais agora retornam para serem usados novamente, cortando custos de maneira exponencial. O mercado de carros, que durante mais de um século operou com motores a combustão, agora se encontra na iminência de uma revolução verde e autônoma. A eficiência dessas invenções, somada à queda de custos, transforma a sociedade.
No entanto, o empreendedor brasileiro vive num cenário paradoxal. Por um lado, ele carrega consigo o espírito de inovação, o desejo de enfrentar grandes desafios. Por outro, enfrenta um ambiente hostil, marcado por burocracia, impostos sufocantes e, pior ainda, uma insegurança jurídica que coloca em xeque a viabilidade de qualquer projeto de longo prazo. Em um país onde as regras parecem mudar ao sabor das interpretações, como pode um empreendedor ousar sonhar grande?
Essa insegurança jurídica, somada à falta de previsibilidade do nosso sistema, cria um cenário de ebulição social que não tarda a explodir. Quando empreendedores são tratados com desconfiança ou, em muitos casos, perseguidos, a mensagem que o Brasil envia ao mundo é clara: aqui, quem ousa inovar será penalizado. E isso tem um custo. Ao bloquear o progresso trazido por esses visionários, o país mina sua própria chance de prosperar e de se inserir competitivamente no cenário global.
O Brasil precisa fazer uma escolha. Continuaremos a ser um país que trata seus inovadores como inimigos ou começaremos a valorizar aqueles que, com suas ideias, podem nos tirar do atraso? O empreendedor de hoje é aquele que cria o futuro. Ele não se conforma com o presente; ele quer algo mais, algo maior.
Ao impedir o progresso desses empreendedores, o país condena-se à estagnação. Enquanto vemos foguetes dando ré e carros autônomos tomando as ruas de outras nações, por aqui, ficamos presos à discussão de sempre: quem pagará a conta da máquina pública? E, no fim, talvez a questão não seja onde está o limite do empreendedor, mas onde está o limite do nosso Estado.